Os avanços alcançados pela Polícia Científica de Santa Catarina (PCI) nos processos de identificação humana pós-morte, identificação de pessoas desaparecidas e de vítimas de desastres (DVI) ganharam destaque na revista internacional Forensic Sciences Research. No último dia 13 de fevereiro o renomado periódico especializado em Ciências Forenses publicou na plataforma Taylor & Francis Group o artigo Iniciativas de identificação pessoal e pessoas desaparecidas no estado de Santa Catarina, Brasil: perspectivas forenses de 2019 a 2021, de autoria do perito odontolegista Paulo Miamoto e do perito criminal bioquímico Clineu Julien Seki Uehara.
A perita-geral da PCI, Andressa Boer Fronza, parabenizou os colegas pela conquista, enaltecendo a capacidade profissional e o destacado desempenho de ambos em suas áreas de atuação. A gestora também enfatizou que a iniciativa dos profissionais fortalece a imagem da Instituição enquanto Órgão Oficial de Perícia.
“Parabenizo os peritos Paulo e Clineu e, ao mesmo tempo, agradeço pela dedicação e compromisso com que exercem suas atividades na Polícia Científica. São dois profissionais estudiosos que diariamente reforçam o compromisso da instituição com o aprimoramento dos serviços prestados aos cidadãos por meio da ciência, que é a base de todas as nossas ações”, destaca.

Avanços e desafios na identificação pessoal
Segundo o perito odontolegista Paulo Miamoto, a iniciativa teve por objetivo ampliar a discussão sobre os avanços recentes e os multiplos desafios que envolvem as práticas forenses de identificação pessoal em Santa Catarina e no Brasil. Miamoto reconhece que nos últimos dois anos o estado experimentou melhorias significativas nos procedimentos de identificação e destaca a criação do Setor de Antropologia Forense da Polícia Científica.
“O Setor de Antropologia Forense (SAF), que também abriga exames odontológicos post mortem, estabeleceu uma alternativa rápida e de baixo custo para identificação pessoal em casos de remanescentes mortais não identificados, com impacto positivo nos resultados. Ao mesmo tempo, a redução de custos permitiu direcionar mais recursos e impulsionar o Setor de Genética Forense”, explica.

De fato, o desempenho do Órgão de Perícia catarinense na identificação de pessoas desaparecidas a partir da análise de DNA segue em curva ascendente. Para o perito criminal bioquímico, Clineu Uehara, Santa Catarina já saiu na frente quando aprovou a legislação para pessoas desaparecidas em 2015, quatro anos antes da sanção de leis federais que implementam a política nacional sobre a matéria. Porém, admite que uma atuação mais integrada entre as partes envolvidas promoveria avanços ainda maiores.
“Você entende a importância desse trabalho quando percebe que é a última esperança daqueles que convivem por anos com o sofrimento e a angustia da ausência de um familiar. Por isso, a Polícia Científica criou o Programa Conecta e tem promovido localmente uma melhor integração das partes interessadas das pessoas desaparecidas com a recém-instituída política nacional para desaparecidos no Brasil. Foi a solução para contornar os desafios e continuar realizando progressos”, destaca.
O Programa Conecta é um projeto multidisciplinar que integra famílias de desaparecidos, órgãos policiais e Ministério Público. Além de coletar amostras de DNA de referência, também reúne dados antropológicos e odontológicos relevantes, bem como serviços de progressão facial em casos de desaparecimentos ocorridos há muitos anos.

Atuação em local de desastre
Por fim, os autores salientaram que o recente treinamento integrado a outras instituições de resposta garantiu uma melhor preparação para futuros desastres, embora admitam que a PCI e os profissionais forenses de Santa Catarina têm muitos desafios pela frente. A começar pela necessidade do órgão pericial implementar padrões internacionais DVI em nível institucional, principalmente, considerando o histórico de desastres no estado.
De forma geral, os peritos Paulo Miamoto e Clineu Uehara consideram que nos últimos dois anos a Polícia Científica de Santa Catarina evoluiu e ampliou de forma expressiva sua capacidade de ação sobre os temas propostos no artigo científico.
A publicação na íntegra está disponível AQUI