Polícia Científica identifica espécie animal de carcaças apreendidas

Um procedimento bastante incomum realizado pela Polícia Científica de Santa Catarina foi determinante na identificação da espécie animal de carcaças apreendidas recentemente pelas forças de segurança. As amostras analisadas pela Seção de Medicina Veterinária Legal – do Setor de Perícias Ambientais da capital – não possuíam pelagem, cabeça e porção distal de cauda e membros, fato que inicialmente impossibilitou a conclusão do laudo.

O perito criminal Igor de Salles Perecin explica que a identificação é fundamental para caracterizar o crime de caça e verificar se aquele animal está entre as espécies ameaçadas. Segundo Perecin, com base em técnicas de zoomorfologia e tricologia forenses, a comparação do material analisado com o de referência evidenciou plena compatibilidade anatômica, sem nenhuma divergência, com a espécie Nasua nasua, o popular quati.

“A partir da aplicação da técnica pouco usual em Santa Catarina, a Polícia Científica conseguiu confirmar a espécie animal, mesmo sem qualquer característica externa individualizadora. O resultado é fruto de um trabalho bastante específico e contou com o empenho de toda a equipe na realização dos procedimentos”, destaca o perito Igor, que tem formação em medicina veterinária.

Confira o processo

Incialmente, foram retirados os membros anteriores e posteriores do animal, os quais foram descarnados e submetidos à maceração, com o objetivo de deixar os ossos livres de quaisquer tecidos moles. Feito isso, o primeiro passo foi comparar a escápula, um osso com grande variabilidade morfológica entre espécies, para descartar a possibilidade de ser um animal doméstico.

Comparação da escápula descartou animais domésticos.

Descartados os animais domésticos, buscou-se realizar comparações específicas para garantir a correta identificação do exemplar. Como material de referência para a comparação, foi utilizada a Coleção Científica de Mamíferos da Universidade Federal de Santa Catarina.

Também foi aplicada uma técnica de tricologia forense, que se baseia no estudo e comparação dos pelos. A comparação de pequenos pelos aderidos à carcaça do animal também guardou compatibilidade com o Nasua nasua