Polícia Científica reúne profissionais técnicos e acadêmicos para discutir Ciências Forenses

A Academia de Perícia da Polícia Científica de Santa Catarina reuniu peritos criminais e professores de três universidades para promover a troca de informações e conhecimentos sobre temas da área de Ciências Forenses. O encontro realizado na última semana, no complexo da Segurança Pública, na capital, contou com a presença de servidores do órgão e de doutores acadêmicos da Universidade Federal de Santa Catarina, do Instituto Federal de Santa Catarina e da Universidade Federal do Paraná. 

O diretor da Academia de Perícia, perito Luan Carneiro, destaca a grande importância da atualização permanente dos profissionais para o bom desempenho das funções. “Promovemos uma discussão multidisciplinar extremamente produtiva, abordando diversos temas que envolvem a perícia criminal. A Polícia Científica agradece aos renomados doutores que aceitaram nosso convite e hoje nos proporcionam todo esse aprendizado”, disse.    

Além do perito Luan Carneiro, estavam presentes a diretora de Análises Laboratoriais Forenses, perita Kelly Ribas Lobato; o perito criminal bioquímico Gelso Borba, representando a perita-geral Andressa Fronza; além dos policiais científicos Bruna Vaz, Gustavo José, Aline Teixeira, Letícia da Silveira, Wladiana de Oliveira e Luciano Ribeiro.

Conheça os participantes convidados:

Dra. Caroline da Ros Montes D’Oca: formada em Química Licenciatura (2007, Unijuí), mestre em Química Tecnológica e Ambiental (2010, FURG) e doutora em Química (2015, UFRGS). Desde 2019 atua como docente do Departamento de Química, área de Química Orgânica, com interesse nas áreas de Ressonância Magnética Nuclear, Síntese Orgânica e Química Medicinal, especialmente em reações multicomponentes, síntese assimétrica e síntese de compostos biologicamente ativos.

D’Oca apresentou o Centro de Ciências Forenses que foi desenvolvido dentro da Universidade Federal do Paraná. Ela é representante do Laboratório de Química, um dos laboratórios que integram o CCF. Segundo ela, existem, ainda, Laboratórios de Geologia, Geomática, Informática, Engenharia Ambiental, Farmácia, Física e Química, onde atualmente operam 14 grupos de pesquisa.

Entre as áreas de atuação, pode-se mencionar:

  1. Avaliação da autenticidade de obras de arte e objetos de herança cultural
  2. Rastreamento de Origem de Vestígios e Amostras Criminais
  3. Micro vestígios de Interesse Forense
  4. Geoprocessamento Forense
  5. Correlação de Evidências Digitais e Forense Computacional
  6. Toxicologia Forense
  7. Combate a drogas, adulterações e falsificações
  8. Identificação de Novas Substâncias Psicoativas (NSP)
  9. Mineralogia forense e cadeia de exploração do Ouro

“Trata-se, portanto, de um centro multidisciplinar, multiusuários, em que é desenvolvida pesquisa, formação de profissionais qualificados, com ampla capacidade analítica, para pesquisa, desenvolvimento e aplicação das ciências forenses, com a formação de conexões e redes entre a Universidade e as forças de segurança pública”, explica.

Mais informações em https://ccf.c3sl.ufpr.br/

Dra. Renata Walesca de Souza Pimenta: Doutora e Pós-Doutora em Educação. Possui graduação, especialização e mestrado em História. Atualmente atua como docente na Educação Básica, Técnica e Tecnológica no Instituto Federal de Santa Catarina – IFSC, campus Garopaba. Desenvolve pesquisas sobre relações raciais no campo educacional, com destaque sobre análise das ações afirmativas em instituições de ensino. Uma das fundadoras e integrante do Núcleo de Estudos Afro-brasileiros e Indígena do IFSC – campus Gaspar, onde desenvolve ações de ensino, pesquisa e extensão.

Integra os grupos de pesquisa: ALTERITAS; Multiculturalidade, Interseccionalidades e Formação de Professores e o Laboratório de Didática da História – LADIH. Sócia da Associação Brasileira de Pesquisadores(as) Negros(as) (ABPN). Coordenadora da região Sul no Fórum Permanente da Educação Básica – FNEB – ERER/ABPN (2022-24). Integrante do Comitê de Direitos Humanos do IFSC.

Pimenta falou sobre a violência estrutural contra à mulher, trazendo exemplos da pobreza menstrual, da Lei Maria da Penha, e os assustadores números do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, que em 2021 apontaram para mais de 1.300 casos de feminicídio.

Ao final da explanação, foram apresentadas aos visitantes as políticas de atendimento da Polícia Científica em relação ao atendimento à mulher vítimas de violência, que compõem a iniciativa PCI por Elas. Entre os destaques estão a criação da equipe feminina de atendimento e o fornecimento de trajes às vítimas de violência sexual, para promover o acolhimento e reter as vestes para exames periciais.

Além disso, recentemente o grupo de trabalho de mortes violentas, que era liderado pelo perito Luan Carneiro, desenvolveu um Procedimento Operacional Padrão para realização de perícias em locais de violência contra a mulher, buscando uma uniformização dos atendimentos realizados no estado, para caracterização, quando for o caso, da violência doméstica e familiar, menosprezo ou discriminação à condição de mulher da vítima. O POP se encontra disponível na intranet.

Dr. João Artur de Souza: Doutorado em Engenharia de Produção pela Universidade Federal de Santa Catarina (1999) e Pós-doutorado pela Universidade Federal de Santa Catarina (2000). Graduação em Matemática (Licenciatura) pela Universidade Federal de Santa Catarina (1989), Mestrado em Matemática e Computação Científica pela Universidade Federal de Santa Catarina (1993), Graduação em Direito pelo Universidade do Sul Catarinense (UNISUL).

Trabalhou na Universidade Federal de Pelotas de 1993 a 2007 como professor na área de Matemática, atuando também em Educação a Distância. Enquanto professor da Universidade Federal de Pelotas foi coordenador do Curso de Matemática a Distância, trabalhando com ambiente virtual de aprendizagem, preparação de material didático, e objetos de aprendizagem. Atualmente é Professor da Universidade Federal de Santa Catarina do Departamento de Engenharia do Conhecimento líder do Grupo de Pesquisa IGTI e membro do Grupo ENGIN – Engenharia da Integração e Governança do Conhecimento.

Na graduação tem trabalhado com disciplinas das áreas de Métodos Quantitativos de Pesquisa, Gestão da Inovação, Lógica Matemática e Técnicas da Engenharia do Conhecimento. Na pós-graduação tem atuado como professor do Programa de Pós-Graduação em Engenharia e Gestão do Conhecimento da UFSC na área de Engenharia do Conhecimento. Atuando nas áreas de pesquisa: Gestão da Tecnologia da Informação, Educação a distância, Inovação, Gestão da Inovação e Inteligência para Inovação. Tem experiência na área inteligência artificial, mais especificamente: Redes neurais, conjuntos difusos e Algoritmos genéticos.

Souza falou a respeito do programa de pós-graduação em engenharia da gestão do conhecimento que coordena e destacou as experiências já vivenciadas com a Polícia Civil de Santa Catarina, no desenvolvimento da Acadepol, e com a Polícia Rodoviária Federal, no desenvolvimento da Universidade Corporativa da Polícia Rodoviária Federal.

Também compuseram a mesa os seguintes professores:

Dr. Carlos Henrique Lemos Soares: – Mestre em Ciências Biológicas (Bioquímica) pela Universidade de São Paulo (1980) e doutorado em Ciências pela Universidade Estadual de Campinas (1997), pós-doutorado na universidade de Guelph, Canadá. Atualmente é professor associado da Universidade Federal de Santa Catarina. Professor/pesquisador na área de Bioquímica, com ênfase em Enzimologia e Ecotoxicologia, atuando principalmente nos seguintes temas: ecotoxicologia em ambientes aquáticos e avaliação da toxicidade de efluentes industriais, particularmente papel e celulose. Dedica-se também a estudos de biodegradação de poluentes usando enzimas fúngicas. Dr Soares é o atual coordenador do mestrado profissional em perícias criminais ambientais, da Universidade Federal de Santa Catarina.

Dr. Rodrigo de Almeida Heringer: Possui graduação em Geologia pela Universidade de Brasília (1990), mestrado em Geotecnia pela Universidade de Brasília (1994), doutorado em Sistemas de Recursos Hídricos e Ambientais – Cornell University, NY, EUA (2003) e Pós-doutorado em Química – Escola de Minas do Colorado, Golden, CO, EUA (2016). Tem experiência em Hidrogeologia, Sistema de Recursos Hídricos, Modelagem Numérica, Economia Ambiental, Análise Instrumental (ICP-MS, GC-MS, HPLC-MS, FTIR, STA, Raman). Foi perito criminal da Polícia Civil do Distrito Federal entre 1993 e 2016. Desenvolve pesquisas relacionadas com a análise de nano partículas por ICP-MS e modelagem hidrológica da quantidade e qualidade da água. Atualmente é professor do curso de Geologia da Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC.

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Essas foi a primeira reunião híbrida promovida pela Academia de Perícia, que transmitiu a fala dos professores e toda discussão pela plataforma do Google Meet, que pode ser acessada pelo e-mail funcional.

Como foi sua experiência acompanhando esses discussões? Tem algum tema que gostaria de ver sendo discutido entre os policiais científicos e a Universidade? Algum professor para nos indicar? Alguma área do conhecimento que pretende desenvolver e pesquisar na Polícia Científica de Santa Catarina?

Conta para a Acape no e-mail dacp@policiacientifica.sc.gov.br.