Polícia Científica recebe homenagens no aniversário de 10 anos da Delegacia de Pessoas Desaparecidas
Para marcar a passagem do seu décimo ano em atividade no estado de Santa Catarina, a Delegacia de Polícia de Pessoas Desaparecidas (DPPD) da Polícia Civil decidiu homenagear e agradecer publicamente instituições e voluntários que também atuam na busca de desaparecidos. Isso inclui a Polícia Científica, parceira estratégica nas ações realizadas pela DPPD e demais órgãos de segurança e judiciário, por conta da importância do seu trabalho na área de identificação civil e criminal.
Além do reconhecimento dedicado ao órgão de Perícia Oficial catarinense, foram homenageados cinco profissionais dos setores de papiloscopia, genética forense, odontologia legal, antropologia forense e medicina legal. A perita-geral Andressa Boer Fronza, que recebeu em mãos a honraria concedida à Polícia Científica, explica que são áreas de grande relevância ao trabalho da DPPD, unidade da Polícia Civil especializada em investigações para identificação, localização e buscas de pessoas desaparecidas.
“Em nome do delegado-geral Ulisses Gabriel e do delegado titular da DPPD, Wanderley Redondo, a Polícia Científica felicita todos os agentes de polícia que desempenham esse importante trabalho, estendendo o reconhecimento às instituições e voluntários envolvidos. A PCI agradece as homenagens recebidas e, sobretudo, reforça a parceria que ao longo desses 10 anos já ajudou tantas famílias que conviviam com o sofrimento pela ausência de um ente querido”, destaca Andressa Fronza.
Foram agraciados com o troféu alusivo aos 10 anos da DPPD os seguintes profissionais: perito criminal bioquímico Clineu Julien Seki Uehara; perito odontolegista Paulo Eduardo Miamoto Dias; perito médico legista Rodinei Cassio Bricki Tenório; papiloscopista Shirlaine Martins Machado; e a agente de polícia civil, Edite Helena Reis Maia Costa, que está a serviço da Perícia Oficial.
Trabalho reconhecido
A identificação de pessoas pode ser realizada por diversos métodos, sendo mais comum o exame por impressões digitais, seguido pelas análises de arcada dentária e antropológica e, por fim, o exame de DNA, que geralmente é usado quando os métodos anteriores foram inconclusivos.
Segundo a papiloscopista Shirlaine Martins Machado e a agente de polícia civil, Edite Helena Reis Maia Costa, que atuam na Diretoria de Identificação Civil e Criminal, um bom exemplo do uso de exames com impressões digitais, nas operações da DPPD, são nas ações voltadas a pessoas em situação de rua. Elas contam que o setor de identificação costuma ser acionado pela delegacia para coletar impressões digitais e realizar confronto papiloscópico a partir dos dados constantes nos sistemas disponíveis, incluindo de outros estados.
“É um trabalho que envolve segurança e cidadania. Além de identificarmos cidadãos desaparecidos ou em débito com a justiça, levamos a esses vulneráveis o acesso à carteira de identidade, garantindo-lhes seus direitos como cidadãos”, afirma a papiloscopista Shirlaine, ao reconhecer o impacto que o trabalho de todos representa na vida das pessoas.
Medicina legal
Comovido com a lembrança dos colegas da Polícia Civil, o perito médico legista Rodinei Cassio Bricki Tenório conta que estava lá quando tudo começou. No início das atividades da DPPD, em 2013, Tenório auxiliava as ações da delegacia fornecendo informações sobre características físicas de vítimas não identificadas, a partir dos exames periciais realizados nas unidades da PCI. O médico legista explica que o setor de medicina legal também tem papel crucial nas investigações de pessoas desaparecidas a partir do trabalho de Antropologia Forense e Odontologia Legal.
De fato, o perito odontolegista Paulo Eduardo Miamoto Dias destaca que os setores de Antropologia Forense e Odontologia Legal atuam na identificação de vítimas fatais não reclamadas junto às unidades da Polícia Científica, especialmente, nos casos em que é inviável o exame de impressões digitais. Como uma espécie de “plano B”, essas áreas de atuação também podem ser uma alternativa aos exames genéticos, que exigem recursos mais complexos e maior tempo de trabalho.
Miamoto conta que um dos primeiros e mais marcantes casos em que atuou com a Delegacia de Polícia de Pessoas Desaparecidas foi relativo a uma ossada, cujo exame genético acusou vínculo de parentesco com uma mãe que tinha fornecido material genético de referência. O problema é que esta mãe tinha dois filhos desaparecidos, portanto, apenas o DNA não conseguia diferenciá-los.
“Ao realizarmos os exames antropológico e odontolegal, estabelecemos a estimativa da idade da vítima, o que permitiu a identificação positiva de um dos desaparecidos. Ainda que a resposta dada seja trágica, de confirmar o óbito de um ente querido, para as famílias dos desaparecidos algum retorno é sempre melhor do que nenhum. E é neste sentido que nosso trabalho segue: tentando dar as respostas que a sociedade espera da Polícia Científica”, pondera.
Genética forense
O perito criminal bioquímico Clineu Julien Seki Uehara explica que os exames de DNA utilizados para identificação humana se baseiam na comparação de amostras coletadas de restos mortais não identificados ou de pessoas de identidade desconhecida com amostras-referências de pessoas desaparecidas e de familiares.
“As coletas de amostras de referência para identificação de pessoas desaparecidas são realizadas apenas mediante consentimento do doador e não serão utilizadas para outro fim. A coleta do material biológico é feita por meio de dispositivo contendo uma esponja na extremidade, que é esfregada no interior da boca do doador”, explica Uehara.
Os perfis genéticos obtidos dos familiares de pessoas desaparecidas e das referências dos desaparecidos serão confrontados regularmente com os perfis genéticos obtidos de pessoas de identidade desconhecida e de restos mortais não identificados presentes nos bancos de perfis genéticos de todo país.