Segurança Pública: Polícia Científica destaca temas importantes debatidos em Seminário Internacional da UFSC
Fotos: Endrigo Righeto
Um crime cometido e um vídeo lançado na internet com o suposto autor revelando minuciosamente a dinâmica dos fatos. Diríamos tratar-se de um criminoso confesso, se não fossem alguns detalhes que, por conta dos atuais recursos de edição, passam facilmente despercebidos: o rosto e a voz não são da pessoa que está na gravação.
A técnica conhecida como deep fake foi um dos temas discutidos na última semana pela Polícia Científica no 6° Seminário Internacional de Ciência, Tecnologia e Inovação em Segurança Pública. O evento realizado pelo Departamento de Engenharia e Gestão do Conhecimento da Universidade Federal de Santa Catarina reuniu diversos órgãos da segurança, nacionais e internacionais.
Combater a deep fake é um dos desafios hoje enfrentados pela Divisão de Multimídia Forense da Polícia Científica, setor responsável pelos exames periciais em áudio, vídeo e imagem. De acordo com a perita criminal Andrea Alves Guimarães Dresch, que participou do “Painel: Tecnologias e Inteligência Artificial na Segurança Pública”, com a frequência cada vez maior da presença desses recursos em práticas criminosas, a PCISC tem buscado conhecimento e aperfeiçoamento para lidar com essas situações.
“Além dos procedimentos periciais convencionais, como o exame de verificação de edição e o exame de biometria, para comparação de locutor, é fundamental conhecer a fundo essa tecnologia, que utiliza inteligência artificial no processo de desenvolvimento. Dessa forma, poderemos usar a mesma tecnologia como contrarrecurso, permitindo identificar esse tipo de manipulação”, explica.
O órgão de Perícia Oficial catarinense também esteve presente no debate sobre “Atitudes Empreendedoras e Gestão em Segurança Pública”, representado pela perita-geral Andressa Boer Fronza, que destacou os recentes avanços alcançados pela atual gestão em termos de organização, processos administrativos e modernização da Criminalística.
Outras discussões importantes envolveram os temas “Inquérito Policial 4.0 e Cadeia de Custódia Digital”, com a participação do chefe de Divisão de Informática Forense, perito criminal Wilson Leite da Silva Filho, e “Integração em grandes eventos/desastres”, que teve as contribuições do perito odontolegista Paulo Eduardo Miamoto Dias.
Para o diretor da Academia de Perícia da PCISC, perito criminal Luan Alves Lopes Carneiro, que participou ativamente da organização do evento, o principal benefício proporcionado pelo seminário foi de promover a integração das forças de Segurança Pública de Santa Catarina, de outros estados e até de outros países como França, Argentina e Suíça. “A ampla participação permitiu um debate com alto nível de qualidade sobre inovação, gestão e engenharia da gestão do conhecimento aplicada ao cenário da segurança pública. Nossos servidores estão de parabéns pela excelente participação”, reconhece Carneiro.
Fotogrametria e Análises Multiespectrais
Um dos destaques do Seminário na área da perícia criminal, o pesquisador Söeren Kottner, do Instituto Médico-Legal da Universidade de Zurich, na Suíça, foi convidado a ministrar curso de capacitação a servidores da PCISC de Florianópolis, Palhoça, Joinville, Tubarão e Campos Novos. A instrução teve foco em análises multiespectrais e fotogrametria.
Por meio de atividades práticas e teóricas, Kottner discorreu sobre as técnicas de análises multiespectrais que são utilizadas para visualização de vestígios latentes, ocultos aos olhos humanos em condições normais. Para isso, falou sobre as ferramentas que permitem identificá-los por meio de comprimentos de ondas visíveis com filtros apropriados, do ultravioleta e do infravermelho.
As atividades práticas simularam situações vivenciadas no dia a dia do trabalho pericial, como a verificação de roupas alvejadas por arma de fogo, ou contendo manchas de sangue e outros vestígios biológicos e inorgânicos. Ainda, foi abordado o escaneamento de automóveis e outros vestígios comumente encontrados em locais de crime, que podem gerar o modelo 3D para veículos envolvidos em acidentes e outras situações comuns de atendimento de local de crime.