Primeira capacitação do manual de encaminhamento de material biológico
A Polícia Cientifica de Santa Catarina capacitou servidores pela primeira vez sobre o manual de encaminhamento de material biológico ao setor de toxicologia forense. O treinamento foi conduzido pelo perito criminal bioquímico Matheus Alves Angelos e pelas agentes de perícia Samilla Driessen Schroeder e Manuela Cesconetto Neves, direcionado a médicos legistas e agentes de perícia médico-legal, nas cidades de Florianópolis, Balneário Camboriú e Blumenau, nos meses de abril e julho.
O curso integrou profissionais da medicina legal que realizam a coleta de materiais para análise criminalística, permitindo a troca direta de informações e esclarecimentos com os servidores do laboratório que conduzem as análises. Entre os temas abordados, destacaram-se as quantidades necessárias de sangue e outras matrizes biológicas para exames, diferenças entre conservantes e anticoagulantes usados na clínica e na atividade forense, e questões sobre a identificação e quantificação de substâncias pelo setor. Também foram discutidas as distinções entre sangue post-mortem periférico e central e problemas relacionados ao acondicionamento inadequado que podem levar ao extravasamento e consequente contaminação do material.
O setor de toxicologia forense da Polícia Científica realiza o processamento e análise de fluidos e tecidos biológicos de origem humana e não humana, seja post-mortem ou não, com o objetivo de identificar e quantificar drogas, medicamentos, etanol, pesticidas e outras substâncias de interesse forense. A identificação dos analitos é feita utilizando ferramentas e metodologias específicas, com base nas características físico-químicas das substâncias e suas propriedades toxicocinéticas, auxiliando na elucidação de casos forenses. Dessa forma, as amostras chegam à superintendência respeitando a cadeia de custódia prevista no código de processo penal, o que garante a integridade e a identificação das amostras para uma análise confiável.
Para o perito criminal bioquímico Matheus Alves Angelos, “mesmo o laboratório mais moderno do mundo, com equipamentos de ponta e analistas altamente treinados, não é capaz de contornar erros provenientes de coleta e envio inadequados do material biológico. A capacitação ocorreu com o intuito de nivelar os servidores num conhecimento básico sobre análises toxicológicas e matrizes biológicas (sangue, urina, vísceras, etc), bem como orientá-los sobre as boas práticas de coleta, acondicionamento e transporte do material, de forma a garantir a cadeia de custódia do vestígio e a confiabilidade dos resultados obtidos que auxiliarão no esclarecimento de casos de homicídio, suicídio, acidentes de trânsito, crimes sexuais, roubos qualificados, entre outros”.
A capacitação evidenciou a necessidade de reforçar continuamente as boas práticas desde a coleta até o encaminhamento das amostras. A adesão rigorosa a essas práticas é fundamental para garantir que todas as amostras cheguem ao setor de toxicologia forense em condições adequadas para análise, possibilitando a obtenção de resultados técnicos e processuais de qualidade que auxiliarão na resolução dos casos.
Fotos: Divulgação/PCISC